27 de out. de 2011

As leis da arquitetura na perspectiva de um físico

Palavras-chave: ordem estrutural, arquitetura, regras de desenho

Resumo:
Três leis de ordem arquitetônica são obtidos, por analogia, a partir de princípios fundamentais da Física. Elas são aplicáveis tanto às estruturas naturais como àquelas criadas pelo homem. Elas foram utilizadas para construir edifícios que satisfizeram o conforto emocional e de beleza nos maiores prédios históricos do mundo. Estas leis estão de acordo com a Arquitetura clássica, bizantina, gótica, islâmica, oriental e Art-Nouveau, mas não de acordo com as formas arquitetônicas modernistas dos últimos 60 anos. Aparentemente, a Arquitetura modernista do século XX contradiz intencionalmente todas as outras formas arquitetônicas a partir da negação da ordem estrutural.


1. Introdução
A Arquitetura é a expressão e a aplicação da ordem geométrica. Poder-se-ia esperar que o objeto pudesse ser descrito por Matemática e Física, mas ele não é. Não há nenhuma formulação aceita sobre como a ordem é obtida em Arquitetura. Considerando que a Arquitetura, mais do que qualquer outra disciplina afeta a humanidade através do ambiente construído, nossa ignorância do real mecanismo é surpreendente. Nós nos concentramos no entendimento das estruturas naturais inanimadas e biológicas, mas não nos padrões sistemáticos refletidos em nossas próprias construções.

Existem construções históricas que são universalmente admiradas como sendo as mais belas. (Seção 2). Estes incluem grandes templos religiosos do passado (1) e a riqueza cultural contida nas várias Arquiteturas nativas. (2,3) Ambas foram construídas segundo as mesmas regras básicas e essas regras podem ser deduzidas a partir das próprias estruturas. Esse conjunto de regras empíricas foi analisado e coletado no livro “Pattern Language” de Alexander.(4)

As leis estruturais são a base da Física e da Biologia, e nós esperamos que leis similares funcionem para a Arquitetura também. Alexander propõe um conjunto de regras que governam a Arquitetura, baseado na hipótese de que a matéria obedece a uma ordenação complexa na escala macroscópica. Mesmo considerando que forças tais como eletromagnetismo e gravidade sejam muito fracas para serem responsabilizadas por isso, os volumes e as superfícies aparentemente interagem de uma maneira que imita a interação microscópica das partículas. A Arquitetura pode assim, ser reduzida a um conjunto de regras que são próximas das leis da Física.

Usando analogias com a estrutura da matéria, três leis da ordem arquitetônica são postuladas aqui. (Seção 3). Elas são checadas em três diferentes caminhos:

(1) estarem em concordância com os mais reconhecidos prédios históricos
de todos os tempos(1);
(2) estarem em concordância com 15 propriedades abstraídas, por Alexander(5), de
criações arquitetônicas ao longo da história humana ;
(3) concordarem com formas físicas e biológicas.

Este resultado representa uma aplicação, exitosa, da abordagem dos físicos a um problema altamente complexo e que havia, até agora, resistido à formulação científica.

As leis podem ser aplicadas para classificar estilos arquitetônicos de uma forma que não havia sido feita anteriormente. (Seção 4). Embora a maior parte da Arquitetura tradicional siga as três leis, os prédios modernistas fazem o oposto do que dizem as três leis. Este resultado categoriza a arquitetura tradicional e a Arquitetura modernista em dois grupos separados. Parece que todas as construções são criadas por uma aplicação sistemática das mesmas três leis, quer seja as seguindo ou se opondo a elas.

Até esse ponto, os resultados não distinguem qual Arquitetura, tradicional ou modernista, é “melhor”. No entanto, Alexander, em companhia do Charles, o Príncipe de Gales, preferem a Arquitetura tradicional. Eles também estão convencidos de que a Arquitetura tradicional é mais adequada à Humanidade por razões fundamentais, e não por uma questão meramente de gosto. A Seção 5 apresenta argumentos que sustentam essa visão. A base desses argumentos é o sentimento de conforto que é obtido em um prédio e a singularidade da ordem estrutural.